"Foi apenas uma fracção de 20 minutos e ficou tudo destruído", disse Daniel Nicolau sobre os danos nas culturas de Alcobaça, causados por uma forte tempestade de granizo que se abateu sobre os arredores daquela cidade, na quarta-feira. Um dos maiores agricultores da zona, com cerca de seis hectares de terrenos, admite que poderá recuperar parte das colheitas, "talvez uns 20%", mas sublinha que tem perto de "três meses de trabalho arruinado", com "prejuízos de cem mil euros".
Álvaro Ferreira mostra o impacto da tempestade num dos seus pomares de pêra rocha, com dois hectares, ainda numa fase inicial de maturação. "Esperava tirar daqui entre 80 a 100 toneladas, pode ser que tire umas 20, porque vou tentar fazer uma pulverização para salvar alguma coisa. A 25 cêntimos o quilo, é fácil calcular os prejuízos".
Este agricultor explica que a tempestade se formou na direcção do mar, na zona da Nazaré, em direcção a terra, e que no vale perto de Alcobaça o granizo caiu rapidamente. "Houve pessoas que foram hospitalizadas, porque apanharam com as pedras na cabeça", acrescenta. Os resultados são visíveis nos pomares, com grande parte da fruta arrancada. No entanto, mostra-se resignado e diz que "agora é preciso continuar a trabalhar e tentar salvar o que ainda se pode, não vale a pena olhar para trás". Da Associação de Agricultores da Região de Alcobaça, diz não saber o que esperar: "Sabemos que estarão a tentar algo, mas efeitos práticos não se costuma ver".
As produções hortícolas, couves, bróculos e cebolas, ficaram desfeitas em pedaços e além dos estragos, os agricultores lamentam a legislação que não permite a venda de "produtos com defeito. Se levarmos isto ao mercado, ninguém compra", dizem. O caso agrava-se nos pomares, porque "as colheitas do próximo ano estão quase todas perdidas". A estes prejuízos, acrescentam o que já pagaram em impostos. "Deste investimento, o Estado já levou 21%", acrescenta Daniel Nicolau.
Pedro Calado, da Associação de Agricultores, explicou ao DN que "já está a ser distribuído um formulário para se fazer um inventário de todos os estragos, que deve estar pronto até quarta-feira". O objectivo, refere, "é o de tentar contactar as instituições próprias e tentar conseguir alguns apoio aos agricultores". O dirigente lamenta que haja poucos agricultores com seguro das suas colheitas: "Temos cerca de 1300 associados, e destes, apenas 40 têm seguro. O caso é grave e, pessoalmente, sei de pessoas que perderam tudo". Fonte do Ministério da agricultora assegurou ao DN que a Direcção Regional de Agricultura "está a fazer um levantamento da situação e só no sábado se pode ter uma noção da situação e de que medidas podem ser tomadas".
Segundo a associação, o presidente da autarquia de Alcobaça esteve no local acompanhar a situação, o mínimo que os agricultores pediam: "Pelo menos que nos transmitam uma palavra simpática".
Diario de Noticias
domingo, 14 de outubro de 2007
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